O presente ensaio reúne um conjunto de lições extraídas por um antropólogo e sociólogo, africanista e francês, a partir de um quarto de século de relações intelectuais com o continente negro, de ligações que transcendem o «âmbito» que o conduziu até à África Oriental e Austral.
Traçando, em primeiro lugar, as modalidades pessoais e contextuais da sua aprendizagem e da sua prática profissional, o autor reflecte sobre a percepção da história africana e as suas dinâmicas sociais. Uma suposta crise constitui um dos factores ilustrativos de uma modernidade em gestação.
A reivindicação democrática insere-se precisamente neste contexto, e o seu aspecto conjuntural não deve ofuscar a necessidade histórica. O papel dos intelectuais e criadores de cultura africanos afigura-se determinante a esse nível.
A referida evolução prende-se também com os africanistas do Norte, que participam nos processos de produção e transmissão dos conhecimentos sobre África. Por conseguinte, «o africanista de pele branca» deve encetar um diálogo sincero e eficaz com os autores da modernidade africana de modo a evitar um registo de saber esotérico, a má consciência terceiro-mundista ou a desistência silenciosa.
Introdução
Fixação da imagem ou África de trinta anos
Primeira Parte
Profundidades do campo
I.
Uma espécie de educação sentimental
Os anos 60
Os anos 70
Os anos 80
II.
Os estudos africanos em movimento
O antropologre
Os 20 anos de uma disciplina mascote
Dispersão ou ruptura?
Os debates em directo
Comparatismo? Disse comparatismo?
O outro é um antropólogo
O africanista de pele branca
A clivagem original: tradição e modernidade
Ordem dos discursos e desordem das coisas
As utilidades pragmáticas da ideologia crítica do africanismo
A aventura do Polafien
A invenção de uma cultura política
Uma reavaliação global
Conclusões
Correspondências? Contributos?
Segunda Parte
Esclarecimentos
III.
Histórias africanas
Porquê a História
Que historiografia?
A longa duração
Capitalismo? Capitalismos?
A agricultura de subsistência
A importância das cidades
Os mercados
O capitalismo
O Estado
Os mercados mundiais e o mercado
A revolução industrial britânica
A crise? Que crises?
As Relações sociais em crise?
IV.
Existem sociedades africanas?
Desordem empírica e problemas sociais
Da desordem social à ordem conceptual
Conclusões
Rumo a uma «sociedade» de Estado?
Terceira Parte
Abrandamento ou aceleração?
V.
Da modernidade
Modernidade não é modernização
A construção histórica da democracia
As legitimidades invisíveis do Estado
VI.
Da democracia africana
Quais são as perguntas certas?
Desenvolvimento político e democracia
Luta política das classes e democracia
Para uma antropologia política da democracia
O real do político africano
As comunidades «políticas»: os modos de formação
Deliberações, representações, decisões: os modos de realização
A modernidade política: os modos de formalização
VII.
Doutos para África!
A crise do africanismo africano
Do estalinismo e do marxismo universitário
Um novo paradigma moral e sociológico para o intelectual
africano?
"Intelectuais senegalenses: a miséria!"
Epílogo? Epitáfio?
Anexos
I. Africanismo e políticas
1. A África negra e o discurso «revolucionário»
2. Limites e alcance do compromisso do sociólogo (1980):
um debate com Jean Ziegler
As nossas espingardas são inofensivas
Não, as nossas espingardas não são inofensivas! (Jean Ziegler)
3. Nota a G. Penne (Julho de 1981)
Sobre a utilização das competências do africanismo francês e francófono
4. Nota de um antropólogo desenganado a um diplomata
iluminado (1987)
II. Sínteses africanistas
1. Sínteses da African Studies Association
2. Sínteses da Annual Review of anthropology
Posfácio, por Immanuel Wallerstein
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