Se é verdade que as independências foram consideradas como um dos principais acontecimentos da história africana contemporânea, é forçoso constatar que, hoje em dia, a sua crise de pertinência constitui uma verdadeira provocação à inteligência africana. A aparente deriva do continente negro traduz-se, na prática, na sua marginalização crescente no plano internacional, na implosão política das suas sociedades, no seu declínio económico e na sua estagnação intelectual.
No entanto, por trás das máscaras das instituições monolíticas e de projectos autoritários, manifesta-se, muitas vezes desordenadamente, uma criatividade social espantosa, cuja lógica se afasta largamente dos aparatos oficiais. Este livro debruça-se precisamente sobre os frutos desse “trabalho cultural” nos domínios religioso e simbólico. Explica-nos que a capacidade inventiva das sociedades africanas põe em causa a pretensão de hegemonia das religiões monoteístas, em especial a do cristianismo. As igrejas e teologias são profundamente abaladas.
Fazendo um uso engenhoso do conceito de indocilidade, esta obra demonstra de que modo a dinâmica de invenção em vigor pode simultaneamente legitimar a insubmissão africana e reforçar os seus poderes. Recusando tanto as polémicas dos discursos autóctones sobre a identidade e a diferença, quanto as complacências de um certo “Africanismo”, esta “leitura do interior”, erudita e solidamente argumentada, abre novos espaços de reflexão sobre o pensamento africano.
Agradecimentos
Prefácio
1. Supremacia política e insubordinação simbólica
O “objecto” simbólico enquanto narrativa política
Espaços narrativos e espaços históricos
2. A desconstrução do absoluto ocidental
Propagação da fé e lógica de conquista
Etnicidade e universalidade
3. O crepúsculo da ordem ancestral
O fetichismo cultural
A identidade problemática
4. Revelação pagã e revelação cristã
Estratégias do pobre, artimanhas dos vencidos
Sob o Espírito Santo
5. Precariedade material, piedade popular e narração simbólica
A memória e o presente
A era da desordem
A arte de narrar o acontecimento pós-colonial
6. O princípio autoritário
Controlo político e procura hegemónica
A dimensão política do mal
7. A política em tempos de miséria
Em primeiro lugar, comer
Uma outra “economia do poder”
8. O cristão possível na África negra
O complexo de Pilatos
O preço da legitimidade
Epílogo
Para uma leitura política do paganismo
Índice de autores
Pessoal
Tipo de licença
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Permissão de impressão
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Permissão de cópia
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Acesso Perpétuo
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